sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Para os que dizem que uma mulher é "fácil"

Para os que dizem que uma mulher é "fácil", olhem para si mesmos, primeiro.

Eu sempre ouvi "Não seja fácil." Que mulher nunca ouviu? Se houver alguma, é caso raro. É curioso pensar o quão hipócrita isso é. Homens que dizem isso mas em alguma época da vida tiveram "várias namoradas" e/ou foram pra balada ou micareta pegar geral. Ou foram morar em algum país estrangeiro em que, por status cultural, conseguiram ficar com as mulheres locais por causa da sua aparência e, ao invés de agredecerem, sentirem-se sortudos, privilegiados por isso, as chamam de "fáceis". Por que uma mulher não pode fazer o mesmo sem "perder seu valor"? Então é isso? Nosso valor se resume à nossa vida íntima? E nossos valores pessoais, morais? Nossas alegrias, frustações e crises, nossa opinião? Nossa humanidade? Nada valem? São só adereço para o nosso corpo?

"Fácil", "Rodada", "Mulher sem valor", "Nunca ficaria com uma dessas", "Namoradeira". São eufemismos para o que todos nós já sabemos. Curioso pensar que se um homem faz o mesmo é "garanhão". No máximo "galinha" mas, não vamos negar, uma mulher que fica com vários rapazes é bem mais mal vista do que o contrário. Por que esta diferença?

Homens assim, hipócritas, cospem no prato em que comem e não percebem que fazem o mesmo, mas, já que não serão julgados por isso (na verdade muitas vezes serão até elogiados), se gabam da sua "virilidade" (que eu prefiro chamar de insegurança).

                          
   Não se esqueça, enquanto um dedo aponta para o outro, existem três apontando para a própria pessoa que julga, que condena. Olhe muito bem para si mesmo antes de falar dos outros.

Mulheres que julgam outras com os mesmos termos, só reproduzem o machismo que lhes foi ensinado. Elas sim, "podem dizer algo" porque "são moças de famiília" mas não percebem o quão seu cérebro já foi lavado. A vida íntima de cada uma, é de cada uma. Se elas são mais reservadas, ok, parabéns. Mas por que se acharem melhores que as outras só por isso? E vice-versa!

Quem somos nós para julgar vida alheia? Quem somos nós para condenar alguém sem ao menos se dar ao trabalho de conhecer a pessoa? Ela e suas complexidades? E quem disse que ele ou ela é uma pessoa boa ou ruim por isso? Quem tem um número maior de parceiros (e os respeita) não deveria ser condenado por tentar ser, à sua maneira, feliz. E sério mesmo... e daí? A vida íntima do outro incomoda tanto? Que tal cada um cuidar da sua?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Ritmo Zero

"A vagina dela é como os olhos dela?", "Ela tem uma vagina de boas-vindas do Oriente?", "Como ela geme?" "Ela é defeituosa" 

São frases cruéis das quais eu nunca vou me esquecer, vinda de "homens" próximos a uma pessoa com a qual me relacionei um dia. Se eu soubesse que ouviria tudo isso, nunca iria querer tê-lo conhecido. Não era pra eu saber nenhuma delas. Mas, por mais que doa muito, que tenha dilascerado a minha alma, ainda bem que eu sei. Agora eu sei o que eu sou e sempre fui para eles (e para muitos outros): nada. Ou, no máximo, uma coisa. Mas vamos por partes:

Quem disse a primeira frase foi o tio do meu ex. O "homem" deve ter mais de 40 anos e, se ainda fala este tipo de coisa, percebe-se o nível moral do indivíduo. Um "homem" de mais de 40 anos se comportando como um adolescente de 14 anos. No caso, meu ex só respondeu "hahaha" por mensagem, como se não soubesse o que mais responder. Parecia confuso, na verdade. Não percebeu que seu tio estava me vendo como uma coisa, um objeto de ridicularização e deboche.

Quem disse a segunda frase foi um "amigo" do meu ex. Se é pra ter amigos assim, pra que inimigos, né? Nesta, ele até ficou bravo. Dava pra ver pelo ser semblante mas, foi omisso também. Bom, foi o jeito dele reagir: fazer nada. Eu já sou um pouco diferente...

Quem disse a terceira frase foi outro amigo do meu ex, que, por sinal, namora minha amiga. Este foi o que mais me feriu. Por que? Ora, porque ele é namorado da minha amiga e amigo do meu companheiro, na época. Não é uma pessoa randômica da internet, aquele tio super zoado ou um amigo randômico. Existe aí uma relação indireta. Mas, foi muita inocência minha esperar coisas como consideração e respeito. Com a frase dita ele não só me desrespeitou como, também, minha amiga e o amigo dele. Fui desrespeitada pelo meu gênero e pela minha etnia, minha origem (mas até então, todos os que disseram tais frases). Se eu fosse ocidental, branca, ele não iria perguntar tal coisa. Afinal, ele "jaá sabe", né? Eu chamo isso de racismo mesmo. Não vamos negar.

No final das contas, eu fiquei muito mal. Muito mal mesmo. Ao sair na rua, fiquei tensa por meses quando via um grupo de homens passando por mim e rindo. Imaginava se eles estavam pensando estas mesmas coisas sobre mim. Isso tudo, pegou na minha auto-estima, na minha dignidade, na minha segurança como indivíduo. Foi assédio moral com um plus de racismo puro. Para eles, muito provavelmente, é "tudo frescura minha" e eu sou uma "exagerada". Aquele gaslight básico. Tão clichê que até cansa. Muito fácil falar isso quando você não é o prejudicado, que passa por este tipo de agressão psicológica. Quando você não é quem ouve "Japinha gostosa te comeria agora" quando passa na rua ou cospem na sua mala porque você é de outra etnia. Fácil falar quando você é o privilegiado em todos os aspectos socias por ser homem e por ser branco, porque a sociedade foi feita para você. Eu nunca passei de um "puppet" para eles. "Não é nada pessoal" ouvi também. "Não é", mas é. Como desrespeitar meu gênero e minha etnia não é pessoal? E não é só por mim, é pelas outras mulheres. Asiáticas, negras, árabes, indígenas... todas, TODAS. Não somos bonecas com um coração sem ritmo para foder, que gemem para satisfezer os homens. Nunca fomos. Somos seres humanos. Pena que muitos não nos enxergam dessa forma... jaá passou da hora de mudar esta merda.

Segue o link de uma obra de Marina Abramovic, artista peformática renomada. Infelizmente não consegui incluir neste post mas vale muito a pena dar uma olhada.

https://vimeo.com/71952791


"Eu comecei a me mexer, comecei a ser eu mesma porque eu era apenas uma boneca para eles e, naquele momento, todos saíram correndo. As pessoas não puderam me confrontar sendo eu, uma pessoa." - Marina Abramovic 


Então, para quem quer saber "se a vagina de uma mulher asiática é como seus olhos", "se a vagina de uma mulher asiática é uma "vagina de boas-vindas do Oriente"" ou "como uma mulher asiática geme", recomendo: conheça uma, conquiste uma. Saiba quem ela é, saiba a história dela, reconheça os sacrifícios que ela fará por você. Valorize-a pelos seus valores pessoais e não a julgue ou condene pela sua vida sexual. Conheça os pais dela (saiba que ela tem pais, tem família, irmãos...). Humanize-a. Aí sim, depois de um tempo juntos, você vai descobrir quem ela é de verdade e, ocasionalmente, tirará todas as suas dúvidas sobre as frases cruéis mensionadas. E, por saber, agora, que ela é uma pessoa, um ser humano, duvido que você queira que seus amigos saibam da vida íntima de vocês, do corpo dela, que não é um objeto. Você finalmente vai descobrir que ela possui um coração, que tem... ritmo.

Creio também no condicionamento ao qual as pessoas são sujeitas. Tenho observado mais as crianças estes tempos, são como esponjas... se estes "homens" disseram tais coisas, não veio do nada. Ex nihilo nihil fit (Nada vem do nada). Eles foram ensinados a pensar assim e não tiveram a mínima capacidade de reflexão, bom senso e respeito para medirem suas palavras. Uma vez, por curiosidade, fui pesquisar a biografia de Hitler. Bom, não foi ele quem inventou o anti-semitismo. Ele aprendeu o anti-semitismo. Com professores, com o ambiente. A misoginia e o racismo não são diferentes. Foram ensinados há milênios atrás. Desconstruir isso não é fácil. Claro que não é. Mas é por isso também que estou aqui, escrevendo. Já passou da hora de sermos respeitadas. Quem sabe, com a internet, a mídia, etc. eles mesmos não se educam um pouquinho? Quem sabe com o feminismo em voga alguma mulher perto deles comece a perceber como ela é vista de forma diferente e tente conscientizá-los também? Quem sabe o tio de 40 anos chegue aos 60 anos pensando diferente? Quem sabe os rapazes de 20 e poucos anos, cheguem aos 40 menos machistas? Quem sabe podem criar seus filhos e filhas de forma igualitária e cooperativa? Quem sabe ensinem-os a respeitarem o sexo oposto e outras etnias que não sejam a sua própria? Quem sabe podem ensiná-los a não discriminarem ninguém seja por qual motivo for? Quem sabe... nesta ou nas próximas vidas.

sábado, 17 de outubro de 2015

Meu lado Harley Quinn

É interessante perceber como personagens mitológicos, de animações, HQs e etc. são um símbolo desde a nossa infância. Nos identificamos, queremos "ser" eles ou até relacionamos e entendemos melhor aspectos nossos, comparando comportamentos com os personagens. Eu acho a Harley Quinn uma personagem interessante mas não sabia exatamente porquê. Talvez, porque parte de mim se identificava com o lado "louco" dela e, descobrindo a história da personagem, acabei descobrindo parte de mim também.

Ela é a psiquiatra responsável por tratar o Coringa mas acaba se envolvendo com ele porque se comove com a história dele (o que o Batman fala que é tudo lorota). Ela tem empatia, compaixão e isso faz ela começar a gostar dele. O problema é que ela começa a entrar num relacionamento extremamente abusivo, uma montanha-russa, um pesadelo emocional. Parece que ele a trata bem quando convém. Depois a trata mal e depois bem de novo (talvez por isso ela fique ainda mais louca).

Até quando a Poison Ivy vai matá-la, Harley está tão chateada (porque se desentendeu com o Coringa) que nem se importa se vai viver ou morrer. Isso intriga Ivy e depois elas se tornam grandes amigas. Depois, Harley volta para o Coringa e novamente recomeça o ciclo de inferno emocional do qual ela não consegue se livrar. Ela sempre perdoa mas ele nunca muda. Até a Ivy fica inconformada como se dissesse: "Que que você tem na cabeça?! Por que sempre volta para ele?!"

Diferentemente da Catwoman e da Poison Ivy, parece que a Harley age de maneira infantil e dependente. Até a voz dela é mais aguda do que ela como a doutora Haleen Frances Quinzel. A Catwoman dá uns pegas no Batman e parece estar muito bem resolvida quanto a isso. Poison Ivy ama as plantas dela e está bem resolvida com isso também.

Mas, voltando à Harley, em outra ocasião (não revelarei detalhes para não dar tanto spoiler), fica com outro cara (me esqueci o nome) que é bem abusivo também. Talvez seja um ciclo vicioso do qual ela não consegue escapar.


Eu já cometi meus erros também. Na época ficava oscilando. Bem e mal, bem e mal, bem e mal... porque a pessoa me tratava bem quando lhe convinha. Até cheguei a nomear "relacionamento complexo de Estocolmo". Também já cheguei a ser subserviente em outra ocasião. Tolerar muitas coisas, muitas falas cruéis vindas de pessoas próximas à quem eu estava junto que eu, hoje em dia, não toleraria. Na época, a pessoa não teve coragem de enfrentar os amigos e não percebeu o quanto uma fala machista e racista pode ferir a alma de outrem para sempre. Empatia zero, como diz uma amiga. Mas é difícil para alguns homens terem este tipo de sensibilidade e respeito afinal, nunca ouviram e nunca ouvirão "Japinha gostosa te comeria agora" somente por estarem andando na rua. Fácil dizer que "Não é nada, você está exagerando." Como disse, empatia zero.

Pessoas abusivas, tanto homens quanto mulheres, companheiros, companheiras, "amigos", "amigas" são lixo nuclear. Um câncer emocional. Se desvincular delas muitas vezes é difícil porque vira, realmente um "relacionamento complexo de Estocolmo". É preciso muita força interna para finalmente dizer "não".

E tudo isso eu "permiti" que acontecesse comigo por causa de um nível extremo de carência... me sentia sozinha em um país estrangeiro. Era raro falar com meus amigos próximos... Estava totalmente cega... tive compaixão, queria ajudar... isso tudo foi um coquetel tóxico.

Dependendo do nível da carência, ela pode ser extremamente tóxica. Te deixa cega e encobre comportamentos abusivos, humilhantes e desrespeitosos dos outros. É como uma anestesia. Você não sente que estão te machucando mas quando o efeito passa... todas as feridas psicológicas vem à tona. O problema é quando este veneno perdura por anos. Felizmente, isso não chegou a acontecer comigo e o que aconteceu, que nunca mais aconteça.

"Um pouco de veneno, de vez em quando, produz sonhos agradáveis. E muito veneno, por fim, para ter uma morte agradável."

Zaratustra


domingo, 13 de setembro de 2015

Like a girl, like a woman, like a human

"Like a girl", "Como uma menina". Termo comum também no Brasil. Há pouco tempo eu não percebia o quanto este termo depreciava o sexo feminino. Há alguns anos atrás eu até usava o termo "nervosa" me referindo mesmo a um homem quando ficava buzinando à toa no trânsito. Hoje em dia eu mando todo mundo que faz isso, homem ou mulher, para o inferno. Não diferencio mais por gênero porque, pensando bem, "nervosa" fica na mesma categoria de "Like a girl". "Nervosa" parece que indireta e inconscientemente expressa que somente as mulheres ficam nervosas, são as "loucas" mas, cá entre nós, quem mais briga e é violento no trânsito? É, não são as mulheres. "Like a girl" tem um tom pejorativo porque é como se chamasse os indivíduos do sexo feminino de frágeis, fracos, incapazes.

Uma vez vi uma propaganda bastante interessante que aborda isso:




No vídeo tem uma parte que me chamou bastante a atenção. A entrevistadora pergunta: 

- Então, você acha que você acaba de insultar sua irmã? 

- Não, quer dizer, sim... insultei meninas, mas não minha irmã.

Não? Sua irmã não é uma garota por acaso? Pobre criança... ainda tem muito a aprender.

Bom, é por isso que eu não falo que "nenhum homem presta" porque é a mesma lógica: "Nenhum homem presta, menos meu pai, meus irmãos e meu namorado ou marido". E eu conheço todos os homens do mundo por acaso? Seria muita hipocrisia minha defender uma coisa a meu favor e prejudicar o outro com o equivalente oposto.

Bom, uma variante do "Like a girl" que eu já ouvi também foi "Don't be a woman" mas, eu percebi que meu colega não falou isso na maldade. Ele falou porque já foi condicionado desde a tenra infância a pensar assim. Como o menino da propaganda. Como maioria dos homens, creio eu.

Era natal do ano passado. Eu ainda estava em Taiwan e fui jantar com uns amigos. Numa hora eu não queria beber mais sakê e, este colega meu me disse: "Ora, não seja mulher..." eu, imediatamente respondi: "Mas eu sou!" Dando de ombros com uma cara meio inconformada como se dizendo: "Mas sério que você não está vendo que eu sou mulher?" Falei novamente com a mesma expressão.

Conversando com um amigo meu, muito querido, ele me disse: 

- Ah... o condicionamento machista é tão enraizado na mente das pessoas que eles (e elas) nem pensam o que estão falando. Mas conseguimos notar quando é puro condicionamento e quando é sarcasmo...

Por isso respondi firmemente e até meio inconformada o que ele me disse. Acho que ele não percebeu. Não foi desta vez. E este homem já tinha sido cortez comigo antes e conversava normalmente comigo mas infelizmente... repetia um padrão já tão condicionado. Mas eu tenho esperança que isso mude aos poucos. A publicidade deste post já é algo bem conscientizador na minha opinião.

Espero que um dia possamos nos tratar simplesmente como humanos... independentemente do gênero, da orientação sexual, da etnia, da idade e da religião (ou não religião).

Claro, isso é utópico e o todos os seres humanos nunca serão 100% benevolentes mas, se cada vez mais pessoas respeitarem umas às outras, o convívio social humano ficaria bem melhor. Evitaria muitas mortes e até guerras...




sábado, 29 de agosto de 2015

Como fazer parte de dois mundos e, ao mesmo tempo de nenhum

Creio que muitos descendentes de asiáticos mundo afora tem esta sensação: fazer mas não fazer parte. Principalmente se cresceram em países ocidentais. Creio que maioria, se não todos, já sofreram algum tipo de preconceito. Deste o primário. Porque somos diferentes e claro, educação moral não é o forte de muuuiiitos pais. Até na rua, na praia, no cinema, no supermercado, no zoológico, no parque... há hostilidade. Como não se sentir incomodado? Quem gosta de ser incomodado por simplesmente ser o que é?

Mas, ao mesmo tempo, quando "voltamos" para a terra natal dos nossos ancestrais (o que recomendo a todas as pessoas), não somos de lá também. A língua, o alimento, as pessoas... por mais que ninguém nos enxergue como estrangeiros, na verdade, nós somos. 

Em Taiwan (sim, sou descendente direta de taiwaneses) não sofri muita hostilidade. Era mais ignorância, burrice e babaquice alheia mas nada no estilo: "Volte de onde você veio. Você não ê bem-vinda aqui". Mas, conversando com alguns descendentes de japoneses... parece que lá é neste estilo, infelizmente (se a pessoa quiser ser residente).

É a sensação de não pertencimento. É não ser reconhecido e aceito nem em um lugar, nem noutro...

Mas, ao mesmo tempo, por mais que eu seja "metade de um e metade de outro" (agora falando mais de mim mesmo), não vou negar que posso transitar pelos dois mundos com problemas mínimos. 

Sempre pensei nisso: atendo por dois nomes, tenho identidade de dois países, falo a língua dos dois... ora, são poucos assim. 

É muito curioso também ver as diferenças culturais. Os dois lados tem coisas boas e ruins. Tanto os próprios países quanto as pessoas que vivem neles.

Às vezes fico me imaginando como eu seria se tivesse crescido lá. Como eu pensaria? Será que seria muito diferente?

Mas, por ter nascido no Brasil, será que não tenho uma visão diferente das coisas também? Como racismo, por exemplo? Será que eu saberia tão claramente o que é se eu tivesse nascido e crescido lá? Será que me revoltaria tanto quanto me revolto agora?

Claro que eu seria diferente... o ambiente onde uma pessoa cresce faz toda a diferença. 

Fico curiosa para saber como eu seria mas, ao mesmo tempo, me orgulho de ser quem eu sou agora. Quem sabe na próxima vida... Quem será que serei?

Uma pessoa que admiro muito me disse certa vez: "Não se preocupe, aos poucos a miscigenação cultural vai acontecendo. Vocês são recentes mas a cada geração que se passa mais existe esta fusão e aceitação porque vocês também fazem parte daqui. Isso leva gerações... mas está acontecendo."

Claro que sempre existirão os preconceituosos e xenofóbicos (contra todas as etnias senão a deles mesmos)... mas espero que o número destas pessoas diminua drasticamente algum dia. Seja por uma auto-educação (melhor) ou por medo de represálias mesmo.

Bom, recomendo um filme muito bom que fala justamente desta crise de identidade que muitos asiáticos (creio eu) tem em países ocidentais. 


           "Sou daqui e de outro lugar. Não sou branco, nem negro. A cor da minha pele é mel..." 



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Conseguimos encarar a nossa própria medusa?

Por que julga-se tanto o outro?

Por que temos que ter um comportamento x ou y para sermos de fato aceitos?

Por que somos tão julgados por quem nem conhecemos?

E nós? Olhamos para nós mesmos? Admitimos que somos frágeis e imperfeitos? Conseguimos enxergar nossos próprios erros e admiti-los?

Conseguimos encarar a nossa própria medusa e não pretrificar com a imagem que vemos?

Temos coragem de fazer isso?

"É mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."   (O pequeno príncipe)




terça-feira, 18 de agosto de 2015

Persona...

Antigamente eu tinha outro blog. Com uma abordagem bem diferente. Era fruto de raiva. Raiva nascida no Brasil por causa do preconceito contra mim (pelo fato de eu ser oriental). Este blog nasce de vários outros sentimentos e ideas... empatia, resiliência, compreensão, reflexão, conscientização mas não vou negar que por um sentimento de raiva também. Ainda sou muito humana, ainda tenho este tipo de sentimentos (que pra falar a verdade eu acho normal. Pior é oprimi-los).

Este post é sobre tristeza, melancolia. Na verdade é só a sujestão de uma música que ouço quando estou triste. Nestas ocasiões, sempre ouço esta música. Fico "pior" para depois começar a melhorar. Normal. Faz parte. Algumas pessoas fazem o oposto. Para mim funciona mais "intensificando" o sentimento para depois superá-lo. Mas esta música, para mim, por mais que seja triste, é bela também. É a "melancolia bela" e as imagens são fortes, agonizantes. Numa delas eu me questionei sobre quantas máscaras usamos... somos genuínos conosco? Nos conhecemos o suficiente? Nos conhecemos afinal? Ou será que nos escondemos atrás de tantas máscaras que elas já grudaram em nosso rosto? Ou será que grudamos máscaras que outros colocam sobre nós? Fazemos algo? Questionamos? Lutamos contra isso? E quando nos encaramos, vemos quem realmente somos, será que "nos suportamos"? Ou preferimos usar uma máscara novamente e ignorar tudo? Ser alienado... acreditar em frases e conceitos prontos sem ao menos se questionar? Julgar os outros por meio destes conceitos prontos sem ao menos conhecê-los? (ou tentar conhecê-los).


Conhece-te a ti mesmo.

Sócrates