"Like a girl", "Como uma menina". Termo comum também no Brasil. Há pouco tempo eu não percebia o quanto este termo depreciava o sexo feminino. Há alguns anos atrás eu até usava o termo "nervosa" me referindo mesmo a um homem quando ficava buzinando à toa no trânsito. Hoje em dia eu mando todo mundo que faz isso, homem ou mulher, para o inferno. Não diferencio mais por gênero porque, pensando bem, "nervosa" fica na mesma categoria de "Like a girl". "Nervosa" parece que indireta e inconscientemente expressa que somente as mulheres ficam nervosas, são as "loucas" mas, cá entre nós, quem mais briga e é violento no trânsito? É, não são as mulheres. "Like a girl" tem um tom pejorativo porque é como se chamasse os indivíduos do sexo feminino de frágeis, fracos, incapazes.
Uma vez vi uma propaganda bastante interessante que aborda isso:
No vídeo tem uma parte que me chamou bastante a atenção. A entrevistadora pergunta:
- Então, você acha que você acaba de insultar sua irmã?
- Não, quer dizer, sim... insultei meninas, mas não minha irmã.
Não? Sua irmã não é uma garota por acaso? Pobre criança... ainda tem muito a aprender.
Bom, é por isso que eu não falo que "nenhum homem presta" porque é a mesma lógica: "Nenhum homem presta, menos meu pai, meus irmãos e meu namorado ou marido". E eu conheço todos os homens do mundo por acaso? Seria muita hipocrisia minha defender uma coisa a meu favor e prejudicar o outro com o equivalente oposto.
Bom, uma variante do "Like a girl" que eu já ouvi também foi "Don't be a woman" mas, eu percebi que meu colega não falou isso na maldade. Ele falou porque já foi condicionado desde a tenra infância a pensar assim. Como o menino da propaganda. Como maioria dos homens, creio eu.
Era natal do ano passado. Eu ainda estava em Taiwan e fui jantar com uns amigos. Numa hora eu não queria beber mais sakê e, este colega meu me disse: "Ora, não seja mulher..." eu, imediatamente respondi: "Mas eu sou!" Dando de ombros com uma cara meio inconformada como se dizendo: "Mas sério que você não está vendo que eu sou mulher?" Falei novamente com a mesma expressão.
Conversando com um amigo meu, muito querido, ele me disse:
- Ah... o condicionamento machista é tão enraizado na mente das pessoas que eles (e elas) nem pensam o que estão falando. Mas conseguimos notar quando é puro condicionamento e quando é sarcasmo...
Por isso respondi firmemente e até meio inconformada o que ele me disse. Acho que ele não percebeu. Não foi desta vez. E este homem já tinha sido cortez comigo antes e conversava normalmente comigo mas infelizmente... repetia um padrão já tão condicionado. Mas eu tenho esperança que isso mude aos poucos. A publicidade deste post já é algo bem conscientizador na minha opinião.
Espero que um dia possamos nos tratar simplesmente como humanos... independentemente do gênero, da orientação sexual, da etnia, da idade e da religião (ou não religião).
Claro, isso é utópico e o todos os seres humanos nunca serão 100% benevolentes mas, se cada vez mais pessoas respeitarem umas às outras, o convívio social humano ficaria bem melhor. Evitaria muitas mortes e até guerras...
Nenhum comentário:
Postar um comentário