sábado, 29 de agosto de 2015

Como fazer parte de dois mundos e, ao mesmo tempo de nenhum

Creio que muitos descendentes de asiáticos mundo afora tem esta sensação: fazer mas não fazer parte. Principalmente se cresceram em países ocidentais. Creio que maioria, se não todos, já sofreram algum tipo de preconceito. Deste o primário. Porque somos diferentes e claro, educação moral não é o forte de muuuiiitos pais. Até na rua, na praia, no cinema, no supermercado, no zoológico, no parque... há hostilidade. Como não se sentir incomodado? Quem gosta de ser incomodado por simplesmente ser o que é?

Mas, ao mesmo tempo, quando "voltamos" para a terra natal dos nossos ancestrais (o que recomendo a todas as pessoas), não somos de lá também. A língua, o alimento, as pessoas... por mais que ninguém nos enxergue como estrangeiros, na verdade, nós somos. 

Em Taiwan (sim, sou descendente direta de taiwaneses) não sofri muita hostilidade. Era mais ignorância, burrice e babaquice alheia mas nada no estilo: "Volte de onde você veio. Você não ê bem-vinda aqui". Mas, conversando com alguns descendentes de japoneses... parece que lá é neste estilo, infelizmente (se a pessoa quiser ser residente).

É a sensação de não pertencimento. É não ser reconhecido e aceito nem em um lugar, nem noutro...

Mas, ao mesmo tempo, por mais que eu seja "metade de um e metade de outro" (agora falando mais de mim mesmo), não vou negar que posso transitar pelos dois mundos com problemas mínimos. 

Sempre pensei nisso: atendo por dois nomes, tenho identidade de dois países, falo a língua dos dois... ora, são poucos assim. 

É muito curioso também ver as diferenças culturais. Os dois lados tem coisas boas e ruins. Tanto os próprios países quanto as pessoas que vivem neles.

Às vezes fico me imaginando como eu seria se tivesse crescido lá. Como eu pensaria? Será que seria muito diferente?

Mas, por ter nascido no Brasil, será que não tenho uma visão diferente das coisas também? Como racismo, por exemplo? Será que eu saberia tão claramente o que é se eu tivesse nascido e crescido lá? Será que me revoltaria tanto quanto me revolto agora?

Claro que eu seria diferente... o ambiente onde uma pessoa cresce faz toda a diferença. 

Fico curiosa para saber como eu seria mas, ao mesmo tempo, me orgulho de ser quem eu sou agora. Quem sabe na próxima vida... Quem será que serei?

Uma pessoa que admiro muito me disse certa vez: "Não se preocupe, aos poucos a miscigenação cultural vai acontecendo. Vocês são recentes mas a cada geração que se passa mais existe esta fusão e aceitação porque vocês também fazem parte daqui. Isso leva gerações... mas está acontecendo."

Claro que sempre existirão os preconceituosos e xenofóbicos (contra todas as etnias senão a deles mesmos)... mas espero que o número destas pessoas diminua drasticamente algum dia. Seja por uma auto-educação (melhor) ou por medo de represálias mesmo.

Bom, recomendo um filme muito bom que fala justamente desta crise de identidade que muitos asiáticos (creio eu) tem em países ocidentais. 


           "Sou daqui e de outro lugar. Não sou branco, nem negro. A cor da minha pele é mel..." 



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Conseguimos encarar a nossa própria medusa?

Por que julga-se tanto o outro?

Por que temos que ter um comportamento x ou y para sermos de fato aceitos?

Por que somos tão julgados por quem nem conhecemos?

E nós? Olhamos para nós mesmos? Admitimos que somos frágeis e imperfeitos? Conseguimos enxergar nossos próprios erros e admiti-los?

Conseguimos encarar a nossa própria medusa e não pretrificar com a imagem que vemos?

Temos coragem de fazer isso?

"É mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."   (O pequeno príncipe)




terça-feira, 18 de agosto de 2015

Persona...

Antigamente eu tinha outro blog. Com uma abordagem bem diferente. Era fruto de raiva. Raiva nascida no Brasil por causa do preconceito contra mim (pelo fato de eu ser oriental). Este blog nasce de vários outros sentimentos e ideas... empatia, resiliência, compreensão, reflexão, conscientização mas não vou negar que por um sentimento de raiva também. Ainda sou muito humana, ainda tenho este tipo de sentimentos (que pra falar a verdade eu acho normal. Pior é oprimi-los).

Este post é sobre tristeza, melancolia. Na verdade é só a sujestão de uma música que ouço quando estou triste. Nestas ocasiões, sempre ouço esta música. Fico "pior" para depois começar a melhorar. Normal. Faz parte. Algumas pessoas fazem o oposto. Para mim funciona mais "intensificando" o sentimento para depois superá-lo. Mas esta música, para mim, por mais que seja triste, é bela também. É a "melancolia bela" e as imagens são fortes, agonizantes. Numa delas eu me questionei sobre quantas máscaras usamos... somos genuínos conosco? Nos conhecemos o suficiente? Nos conhecemos afinal? Ou será que nos escondemos atrás de tantas máscaras que elas já grudaram em nosso rosto? Ou será que grudamos máscaras que outros colocam sobre nós? Fazemos algo? Questionamos? Lutamos contra isso? E quando nos encaramos, vemos quem realmente somos, será que "nos suportamos"? Ou preferimos usar uma máscara novamente e ignorar tudo? Ser alienado... acreditar em frases e conceitos prontos sem ao menos se questionar? Julgar os outros por meio destes conceitos prontos sem ao menos conhecê-los? (ou tentar conhecê-los).


Conhece-te a ti mesmo.

Sócrates